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Ritual e Digital, será que dá samba?


Acabamos de passar pelo carnaval, que até rima com as palavras ritual e digital, mas como a intenção não é fazer uma poesia, continuemos com a prosa de relembrar quantos insights um evento desses traz para nós e as organizações: vemos exemplos de liderança participativa, engajamento profundo, planejamento e execução impecáveis, sonhos se tornando resultados de excelência, alta criatividade e tecnologia, sem mencionar o espírito contagiante, a alegria e a energia que extrapolam nossa percepção e entendimento.


O carnaval mobiliza atitudes e comportamentos semelhantes com o primitivo da nossa história humana, onde os rituais, danças, coreografias eram conduzidos por antepassados para pedir ou agradecer coisas como a chuva, a colheita, a prosperidade e as vitórias. Serviam também para espantar os medos, maus espíritos e fases ruins. Neles, também eram utilizados sons, ritmos, cores, fantasias e até ervas para transformar os rituais em passagens para uma realidade melhor.


Numa analogia simples e direta, gestores ficam se perguntando como conseguir trazer o melhor das pessoas mesmo quando os recursos restritos, as adversidades, e os desafios são grandes? Qual é o “mojo” que servirá de samba enredo para inspirar o time? Qual o sonho que pode ser compartilhado por todos? Como trazer a essência do carnaval para o cotidiano do trabalho?


Em meio a tudo isso, chama a atenção o processo de apuração das notas para o resultado final das escolas de samba. Como no mercado, são detalhes que fazem a diferença para a conquista do prêmio de campeão e, embora eles aconteçam no desenrolar do desfile de uma maneira espontânea e única, somente dias depois acontece a avaliação do desempenho e dos resultados das escolas.


Num país onde as eleições são informatizadas e é possível conhecer um novo presidente ao final de um dia de votação, espera-se dias e, no dia, horas para acompanhar a apuração e conhecer os campeões do carnaval. Durante o processo, assistimos líderes e diretores rezando, torcendo, fazendo mandingas para que os resultados sejam os melhores, como se fosse possível alguma nota ser alterada por milagre, magia ou força do pensamento.


Por que tanta ansiedade pelo desconhecido já definido? Para que tanta fé pelo o que já foi feito? Será que a ignorância nos protege? E a agilidade nos amedronta? Qual será a real importância desse “mise en scene” todo para os participantes de cada escola?


As respostas merecem uma análise aprofundada pois, seria muito leviano afirmarmos qualquer coisa apenas apreciando essa dinâmica pelo lado do fora, mas com certeza, sempre que encararmos o encontro de “rituais” com tecnologias digitais, estaremos no dilema entre o “viver” todas as etapas ou “fazer” pragmaticamente o essencial. Entre eles mora o significado maior que move as pessoas, seja para a vida, para a realização profissional ou para o carnaval.


Escrito por Aliete Traviztki – Consultora da DorseyRocha Consulting.  Formada em Serviço Social e Mestrado em Filosofia Social  além de Especialização em Recursos Humanos e MBA em Gestão Estratégica.

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