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O que correu bem hoje?

Em seu livro “Florescer”, Martin Seligman, o pai da Psicologia Positiva, afirma “Nós pensamos demais nas coisas que dão errado e não o suficiente nas que dão certo em nossas vidas. As pessoas tendem a passar mais tempo pensando no que é ruim na vida do que no que é útil. Pior ainda, este foco nos acontecimentos negativos nos predispõe à ansiedade e à depressão.”


E ele sugere uma forma de mudar isso: “Uma forma de evitar que isso aconteça é começar a pensar e saborear o que correu bem. Toda noite, ao longo da próxima semana, reserve dez minutos antes de ir dormir. Escreva três coisas que deram certo hoje e porque deram certo.”


Gostei muito.


Eu costumo brincar com o fato de que se você estiver numa roda de amigos ou colegas de trabalho e alguém conta algum fato ruim que aconteceu, por exemplo “vocês viram a mulher que se recusou a tomar a vacina e morreu de COVID?”, vai ter sempre alguém que vai dizer algo como “você não viu nada, lá em...” e contar um fato ainda mais triste, negativo.


Seria cômico, se não fosse trágico!


Por outro lado, se alguém conta algo positivo – “notaram como está subindo o número de pessoas que se curam do COVID?” – ou as pessoas respondem com um lacônico “É!” ou com um fato negativo – “Ah! Mas o número de infectados também está subindo” ou algo semelhante.


É sabido, na imprensa, que notícia boa não vende!


Não sou capaz de avaliar as condições psicológicas que explicam isso, mas, parafraseando Chicó em “O Auto da Compadecida”, “não sei, só sei que é assim”!


Por isso, a sugestão de Seligman me parece muito apropriada. Mudar o modelo mental para apresentar novos comportamentos. E mudar o modelo mental a partir de novos comportamentos!


Começar a dar atenção, registrar mesmo, com disciplina, o que tem acontecido de bom, dia após dia, na nossa vida para que, natural e continuamente, pratiquemos cada vez mais o “olho bom”; a capacidade de não só reconhecer que coisas boas acontecem sim, todos os dias, como perceber que esse olhar positivo pode diminuir (o Seligman diz que sim!) nossa ansiedade e depressão.


Eu tenho feito isso, desde que li, recentemente, o livro. E tenho me espantado com coisas que deram certo, foram bem no meu dia a dia e que, se eu não parasse, refletisse e registrasse, com certeza sequer teria percebido.


Ah! Essa reflexão “o que correu bem?” Seligman chama também de “Três bênçãos”! Fui lá no Google ver: benção = voto de felicidade e proteção divina formulado em favor de alguém.


Opa! Então esses registros de 3 coisas que correm bem, todos os dias, são votos de felicidade que fazemos a nós mesmo, invocando a proteção divina (seja lá da forma como entendemos isso) em nossas próprias vidas!


Maravilha!


Quando penso nos ambientes organizacionais onde às vezes ainda impera o dito “fazer certo não é mais do que obrigação”, percebo que também a correção do erro é supervalorizada, em detrimento do reconhecimento e reforço dos comportamentos positivos.


Levemos também em conta que em 2019 a Síndrome de Burnout foi oficializada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma síndrome crônica. Enquanto um “fenômeno ligado ao trabalho”, a OMS incluiu o Burnout na nova Classificação Internacional de Doenças (CID-11), que deve entrar em vigor em 1º de janeiro de 2022. (https://pebmed.com.br/sindrome-de-burnout-entra-na-lista-de-doencas-da-oms/)


Burnout, depressão, baixa segurança psicológica nos ambientes organizacionais...os líderes precisam agir para lidar bem com isso.


Como líder, creio que cada um de nós pode contribuir para, além claro de corrigir rotas, melhorar desempenhos, deixar explícito o que cada um de nossos colaboradores faz bem, todos os dias, elogiando mais, destacando pequenas conquistas.


E, com isso, quem sabe, o seu colaborador, quando for registrar 3 coisas que correm bem no dia dele, destaque a sua atitude como uma delas!


Que tal tentar?


Escrito por Ismael Almeida Iba – Consultor da DorseyRocha Consultoria. Formado em Matemática com MBA em Gestão Empresarial pela FGV. Certificado em Coaching pelo ICI Integrated Coaching Institute. Professor na BSP Business School São Paulo.

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