A revolução industrial 4.0 tem origem nas grandes transformações digitais e nos impõe uma nova realidade mais complexa e desafiadora.
As mudanças do mundo digital são muitas, mas envolvem fundamentalmente dois referenciais: primeiro tudo que era estanque e isolado torna-se conectado e sistêmico; segundo tudo que era “burro” torna-se inteligente. Estamos falando de big data, internet das coisas – IoT, inteligência artificial, algoritmos, analitycs, impressora 3D, robôs, nanotecnologia, realidade aumentada, realidade virtual etc.
Conforme considera Salim Ismail em seu livro Organizações Exponenciais – o processo de transformação digital faz com que as “coisas” se desmaterializem e passem a ser muito mais baratas e mais consumidas. O exemplo clássico é o das câmeras fotográficas que eram analógicas, tornaram-se digitais e se desmaterializaram tornando-se aplicativos que usamos nos smartphones, óculos etc.
Indo além, conseguimos enxergar que não são mudanças apenas nos produtos e nos processos, mas muitas vezes no próprio negócio. Por exemplo, a evolução do carro autônomo (que dispensa motorista) certamente afetará todas as profissões relacionadas a “dirigir veículos”, mas não somente elas, pois os veículos se tornarão muito mais seguros e o valor do seguro contra colisões deverá cair muito; ainda mais, provavelmente em pouco tempo ninguém mais vai querer comprar um carro, preferindo usá-los como serviços. Isso reduzirá o tamanho da frota de veículos no mundo. Ou seja, vai mudar o negócio de vendas de veículos para serviço de transporte.
Em meio a tudo isso, cabe perguntar: como será afetado o mundo do trabalho e o ambiente organizacional? Como será o trabalho? E a relação de trabalho? Como serão os líderes desse ambiente 4.0?
Evidentemente todos nós temos muito mais dúvidas e incertezas do que respostas para essas questões. Porém, o que já podemos constatar que já está ocorrendo no mundo do trabalho: automatização, robotização, informalização das relações, trabalho por projeto, equipes constituídas por pessoas que ficam em diferentes países, soluções em comunidade e multidão “crowdsourcing”, equipes que usam e interagem com essas novas tecnologias.
Como fica o papel da liderança nessa nova realidade?
Lembrando que cada vez mais as pessoas e equipes vão se diferenciar não por suas competências técnicas – “hard skills”, mas sim, especialmente, pelas “soft skills” que segundo fontes da CNI – 2018 e do Fórum Econômico Mundial de 2016, incluirão:
Inteligência emocional
Comunicação
Flexibilidade cognitiva e criatividade
Formação multidisciplinar
Negociação e relacionamento com diversidade / + idiomas
Senso de urgência com orientação para o serviço ao cliente
Convergência – processos e sistemas
Pensamento crítico e análise de grande volume de dados
Atuar em equipe e liderar equipes
Solução de problemas complexos em comunidade e multidão
Tomada de decisão, em situações ambíguas
Resiliência
Ética
Trabalhar junto com inteligência artificial
Atualização e Desenvolvimento
Assim, o líder 4.0 é alguém que tem que estar preparado para interagir e se relacionar com pessoas que possuem essas características e ser capaz de liderar equipes que são assim constituídas para atuarem dentro da realidade descrita. Podemos afirmar que: “eu não posso oferecer o que eu não tenho”, então também podemos dizer que o líder 4.0 terá que possuir essas mesmas habilidades, sendo alguém que gosta gente e de lidar com a complexidade em ambiente de grande incerteza. Temos trabalhado o desenvolvimento de lideranças para esse contexto.
E você, está preparado? Mande para nós o seu comentário.
Escrito por Ely Bisso – Sócio e Diretor da DorseyRocha Consulting. Engenheiro eletricista pela Faculdade de Engenharia Elétrica da UNICAMP, bacharel em Ciências Administrativas pela PUC-Campinas, com pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho pela UNICAMP e MBA em RH pela FGV.