Sempre gostei de utilizar um exemplo nos treinamentos, conversas e processos de coaching com líderes sobre aquela instrução de segurança que recebemos quando um avião está iniciando sua decolagem: “se houver despressurização da cabine, máscaras de oxigênio cairão à sua frente. Coloque-as primeiramente em você puxando o elástico para ajustar e depois então auxilie as crianças ou quem estiver ao seu lado para...” Nunca pensei que os temas “máscara” e “oxigênio” pudessem ficar tão em evidência como vemos atualmente.
Julguei que a mensagem era tão pertinente pois, mesmo numa emergência, precisamos antes estar bem e sobreviver para depois podermos cuidar dos outros. No papel de liderança, sempre foi para mim uma crença muito evidente e, passado um ano de pandemia e de imersão completa no mundo VUCA/BANI, tenho a impressão de que se tornou uma verdade incontestável. Sabe por quê? Ao decolar o voo “Pan2020” o avião teve de arremeter, depois subiu de novo, passou por uma turbulência de magnitude furacão, perdeu altitude repentinamente e ainda não aterrissou. Bom, tudo isso para dizer que, além de estarmos numa situação pior que há 1 ano atrás, não dá para negar que já podemos nos auto conclamar “líderes ágeis”. Sim!
Já podemos colocar no nosso curriculum que enfrentamos e gerenciamos uma crise sem precedentes, que aprendemos a ser mais digitais, a delegar e confiar mais na capacidade dos nossos times, a valorizar mais o propósito do que fazemos para manter a conexão e coesão, e persistimos, focamos e flexibilizamos para nos adaptar. Ah, e como! Arrisco até a dizer que pode ser um privilégio estar vivendo estes momentos na história como líderes de alto impacto!
Temos agora, como gestores, experiências para contar e compartilhar com o mercado, de como fomos impactados nos nossos valores e crenças, de como aprendemos num tempo tão curto a conhecer nossas fortalezas e fraquezas, em muitos casos, refletimos sobre nosso caráter e lembramos da razão pela qual nos embrenhamos nesta jornada de liderança. Podemos dizer que somos mais persistentes, resilientes e capazes de influenciar e de nos conectar às pessoas. Paramos até para pensar em como estamos nos sentindo, como também, perguntar sobre como nossos colaboradores se sentem frente a tudo isso e em como apoiá-los mais adequadamente. Quantos erros, acertos e aprendizados!
Como diz aquela propaganda da Globo sobre empreendedorismo: VAE! E atualiza mesmo essas novas competências e habilidades que você líder/gestor acabou de adquirir a duras penas, num curso intensivo presencial com duração de 24 horas por dia, com trabalho, família e outras coisas mais, tudo junto e misturado.
Lembra que cuidar do seu próprio bem estar e autodesenvolvimento está te trazendo até aqui com equilíbrio, lucidez e eficácia, e que o futuro do seu trabalho, do seu time e da sua organização está na sabedoria de repensar e ressignificar tudo que se fizer necessário e, principalmente, cocriar com todos os passageiros, tripulantes e com a equipe de bordo e de solo, porque o destino pode até ser uma escolha individual, mas a viagem é uma jornada cuja execução é coletiva, para que todos cheguem bem ao seu destino final. Parabéns!
Escrito por Aliete Traviztki – Consultora da DorseyRocha Consultoria. Formada em Serviço Social e Mestrado em Filosofia Social além de Especialização em Recursos Humanos e MBA em Gestão Estratégica.
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