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Gerir mudanças ou ser gerido por elas?


Não preciso nem comentar como esse momento de pandemia e isolamento social tem suscitado uma gama de sentimentos, novas percepções e sacadas, como ressuscitado outras tantas experiências, memórias e sensações da nossa vida inteira, pelo retrospecto à fórceps que o tempo disponível nos proporciona.


Lembrei de uma pérola que meu pai sempre dizia: “o que não tem solução, solucionado está”. Confesso que essa frase me incomodava por sua atitude aparentemente conformista. Mas hoje, interpretando o cenário atual, percebo que para gerir uma crise ou uma situação muito complexa, antes de mais nada, temos que simplesmente aceitar,  compreender as perdas, viver o luto e ter a consciência das nossas limitações e daquilo que está ou não em nossas mãos para agir.


Uma vez tendo entendido e aceito as situações como elas são, o próximo passo é sempre olhar para si próprio e identificar como estou me posicionando frente à elas. Nenhuma mudança é fácil, na verdade ela é muito estressante para o ser humano, que na essência trabalha pela sua preservação, como diz o professor Yuval Harari. Por isso, obter a autoconsciência de como esse stress está nos impactando pode ser o ponto de partida para lidar com as contrariedades e os sentimentos que causam distorções no humor, na energia, na vontade e em todas as atitudes e decisões que tomamos. Quando um avião em pleno voo apresenta despressurização da sua cabine, as máscaras de oxigênio caem à frente dos passageiros e, vejam só, a instrução é: coloque primeiro a sua máscara, respire normalmente, e então auxilie quem está ao seu lado. Isso é o que deve acontecer nas situações de crise, pois ninguém pode dar aquilo que não tem, já dizia Freud.


Outra lembrança da minha infância e muito aderente ao cenário atual, é aquele jogo da “sobrevivência na lua” que já foi muito utilizado nas organizações também. Nele, a pergunta era: se o planeta terra fosse acabar e você precisasse fugir e sobreviver na lua, o que você levaria? Partindo do princípio de que você não pode levar pessoas, mas coisas dentro de uma lista restrita de itens, o que precisamos levar num momento de crise? Com certeza vamos descobrir que muitos objetos não nos servem mais, da mesma forma, muitos conhecimentos, competências e atitudes que nos trouxeram até aqui, mas ao contrário, não vão garantir nossa sobrevivência num ambiente novo e desconhecido.


Como disse o poeta Antonio Machado “Caminante no hay camino, se hace camino al andar”… para construirmos um novo caminho, levem na mochila:

  • Aceitação e compreensão profunda da situação, aprendizagem constante!

  • Cuidado com você em primeiro lugar, desapegue geral e foco no que é realmente essencial. Nesse momento você tem pouco a perder.

  • Inclusão das pessoas, mostre suas dúvidas e ideias, comunique-se com transparência e abertura. Proponha um plano com ousadia. Cuide delas.

  • Indicadores de acompanhamento, e tenha muita flexibilidade para reconsiderar a rota sempre, para construir em conjunto o caminho e os resultados desejados. Aproveite!

Escrito por Aliete Traviztki – Consultora da DorseyRocha Consulting. 

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