Ao buscar a melhor efetividade e produtividade da organização, a identificação de aspectos relevantes do ambiente interno e da cultura empresarial é muito importante. Um desses aspectos poderá ser encontrado numa sondagem definida a partir da seguinte questão: estará faltando espírito empreendedor em nossa organização?
Marcados pelo perfil arrojado, independente, colaborativo e ligado a inovações, os profissionais capazes de desempenhar um papel empreendedor dentro da empresa tem muito a acrescentar às suas equipes e segmentos, trazendo ganhos sustentáveis ao negócio.
Embora a literatura a respeito do espírito empreendedor muitas vezes se refira a pessoas “prontas” que trazem um talento nato e claramente desenvolvido (o que direciona muitas vezes as áreas de RH para cuidados sobretudo no processo seletivo) , acreditamos que seja possível fazer aflorar essa competência na organização por um esforço planejado em educação corporativa.
Qualquer que seja a ênfase a ser dada, na seleção ou no desenvolvimento, é necessário que a direção de RH tenha uma visão crítica, sistêmica e questionadora para identificar de início a carência do espírito empreendedor na organização de forma a se poder cultivar sistematicamente os novos valores, manifestados em novos comportamentos e posturas.
O que é espírito empreendedor?
Ter espírito empreendedor é trabalhar na direção de atitudes proativas, conectadas com a busca de inovação, capazes de gerar sinergia em volta, tanto na relação com os membros da equipe, como na relação com pares e superiores. Antecipando o que será aplicado em sua área, o perfil de uma pessoa empreendedora se revela pela disposição da pessoa dar um passo à frente, abrir caminhos e superar o status quo.
Atuando de forma deliberada e corajosa, o profissional empreendedor mostra ser bastante responsável por suas ações, revelando um senso apurado acerca dos assuntos que estão em sua esfera organizacional. Sabendo planejar ações, tomar decisões e mostrar uma forte determinação em colocar sua visão em prática, o empreendedor é alguém que busca construir na organização um ambiente em que é possível dosar autonomia, risco e busca de resultados.
Quais são as principais características do empreendedor?
Determinação e foco em resultados
Aliada à capacidade de traçar metas ambiciosas a longo prazo, a determinação é uma das grandes características desses profissionais. Ao tomar decisões que envolvem objetivos organizacionais importantes, o empreendedor típico mostra conhecer os primeiros passos de transformação de uma realidade e demonstra energia e coragem para percorrer um caminho de realização, superando dificuldades e obstáculos.
Ao ter clareza dos objetivos que deseja alcançar, o empreendedor age consciente das consequências de suas escolhas. Mantendo firme a sua posição, faz de tudo para alcançar as suas metas, sem abrir mão de sua visão de futuro, do foco nas mudanças necessárias e da busca de parceiros e aliados na construção desse futuro desejado.
Coragem para o risco
Uma dose saudável de risco confere uma atitude capaz de atuar em áreas de inovação, onde é preciso ter coragem para alçar voos longos dentro de territórios desconhecidos. Por este motivo, o empreendedor precisa ter uma ideia de como irá compartilhar sua visão, encontrar aliados na construção da nova realidade, sem fazer concessões a meias-soluções, atitudes de permissividade e baixo foco nos resultados a alcançar.
Foco nas tarefas cotidianas
Capaz de aliar o planejamento com visão de futuro, verdadeiros empreendedores não perdem a concentração no desempenho de suas funções. O presente é onde estão as oportunidades de construção do futuro, e o empreendedor não desanima mesmo quando a cultura da empresa se mostra reticente ou menos empreendedora.
Ter foco e constância nos resultados é uma das poucas certezas que o empreender tem de que é fundamental construir o empreendimento, já que por definição é aquilo que o motiva e desafia. Mesmo que isso signifique uma enorme demanda de sua energia pessoal, implicando viver com uma dose importante de incerteza, convivendo com a ambiguidade e não temendo a complexidade do mundo em que vivemos.
Sintomas de ausência de espírito empreendedor nas organizações
Clientes insatisfeitos, quebra de qualidade na entrega de produtos e serviços, resultados medíocres, custos altos são muitas vezes a ponta do iceberg que pode indicar a ausência de espirito empreendedor na empresa. Investigando mais abaixo (a parte submersa do iceberg organizacional) aparecem sintomas mais profundos como a falta de participação efetiva das pessoas, compromissos vagos com os resultados, falta de iniciativa e empowerment, baixo senso de responsabilidade, busca de encontrar culpados quando algo dá errado, uso de linguagem impessoal, manipulação das informações de acordo com a conveniência, guardar provas de que se é inocente ou de que o outro é culpado, comportar-se de acordo com o que é esperado. Estar atento a estes pontos e trabalhar, sobretudo, com os profissionais que detém certo pode na empresa pode ser sempre um bom início.
Cultura organizacional burocrática
O maior inimigo da cultura empreendedora numa organização é o espírito burocrático. Este se baseia numa reverência – muitas vezes subserviente – à hierarquia, levando a uma negação da auto expressão, pedindo às pessoas que se sacrifiquem para seguir ritos e procedimentos às vezes absurdos e sem sentido, em troca de uma lealdade não esclarecida. O espírito empreendedor, ao contrário, se baseia numa crença forte de que a pessoa pode tomar suas próprias decisões, fazendo-a sentir como parte viva da organização.
Os profissionais que criam, solicitam e demandam procedimentos em demasia contribuem para atrasos de processos e aumentam a possibilidade de erros no desempenho das atividades. Trazer uma visão de futuro empreendedora, ao contrário disso, é se opor ao espírito burocrático e patriarcal que está presente até mesmo em empresas aparentemente ditas muito “modernas” e atualizadas.
Competição em excesso e interesses míopes
O ciclo burocrático na empresa alimenta interesses míopes de vários tipos: as pessoas fazem todo o possível para que os outros tenham um bom conceito delas, fazem as coisas para agradar e integrar-se ao circulo dos quem poder e privilégios, se julgam como tendo valor apenas quando a recompensa monetária é maior, aprendem tudo o que possível desde que seja politicamente correto, e buscam ter tudo e todos sob seu controle para não serem surpreendidas e manterem as coisas como estão.
A competição pode estimular um crescimento pessoal míope e interesseiro em detrimento da organização, fazendo com que os resultados não sejam o maior objetivo do time. Identificar e reverter esse quadro é uma certamente um desafio para as empresas: é notável a contribuição que os empreendedores trazem para o desenvolvimento de uma empresa, gerando mudanças, inovações e melhores resultados.
Falhas de gestão econômico-financeira
O conhecimento e a compreensão da gestão financeira hoje em dia é essencial para qualquer empreendimento, independentemente de sua área. Como forma de controlar melhor os recursos que possui, uma visão dos fatores econômicos e financeiros do negócio é outra característica importante dos empreendedores.
O empreendedor precisa ter a percepção do negócio em que está mesmo que ele não seja sócio ou investidor. Essa competência é que trará segurança na percepção dos outros com quem trabalha – superiores, pares e subordinados – quando se lança corajosamente na busca dos resultados do negócio. Sem esta base sólida, suas ações parecerão inconsequentes, irresponsáveis ou até mesmo delirantes.
Medidas que impulsionam o espírito empreendedor nas organizações
A reversão de quadros que impedem o sucesso de uma equipe e uma empresa está diretamente ligada à criação de novos padrões de comportamento e de liderança. A renovação da cultura empresarial se passa necessariamente pela criação de uma massa crítica de profissionais em posições chave. Se a sua organização está verdadeiramente a fim de criar uma cultura empreendedora e rever em profundidade comportamentos e traços culturais indesejados no seu ambiente empresarial, é hora de pensar nas implicações deste esforço em toda a empresa. Uma consultoria externa especializada, experiente em trabalhar com a visão empreendedora, poderá ser útil no sentido de analisar profundamente os sintomas culturais indesejados e propor ações estratégicas para as mudanças desejadas.
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